- Publicado em Segunda, 28 Maio 2018 15:36
A visibilidade das pessoas trans alcançou mais um importante degrau em
sua luta para conseguir mais respeito e dignidade perante à sociedade. A
corregedoria geral de justiça do TJRN realizou, na manha desta
segunda-feira (28), solenidade de assinatura do Provimento 175/2018 que
autoriza aos transexuais alterarem seu nome e gênero diretamente no
registro civil, independente de processo judicial.
Com esse ato que reuniu membros do Poder Judiciário, Ministério
Público, Defensoria Pública, representantes da associação de notários e
organizações que defendem os direitos dos transexuais, a Justiça
estadual do RN se tornou a sexta da federação a regulamentar esse
procedimento para modificação do nome civil em cartório.
A corregedora geral de justiça, desembargadora Zeneide Bezerra
ressaltou que é um momento de grande felicidade para o tribunal, “pois
estamos dando cumprimento à legalidade a partir da decisão do STF que já
autorizou esse procedimento, mas também estamos continuando a buscar
nosso perfil de transformar o Tribunal em um órgão plural que procura
atender às diferenças e as mais diversas camadas da sociedade, em
especial as que estão em desamparo”.
A presidente da associação dos notários e registradores do RN,
Anoreg-RN, Maria Lucivan Fontes frisou que agora “basta se dirigir a
qualquer cartório de registro civil do estado e fazer um requerimento
administrativo, levando os documentos básicos como identidade, CPF,
titulo de eleitor e certidão de nascimento. Em seguida é registrada a
autodeclaração do interessado e a alteração na documentação é feita de
imediato”.
Antes dessa regulamentação, a modificação era “um procedimento jurídico
demorado e burocrático que muitas vezes exigia laudos psicossociais,
exames clínicos constrangedores, com muitos entraves e incertezas quanto
ao desfecho. Agora basta a autodeclaração para alterar o sexo, gênero
ou nome da pessoa no registro civil” explicou a corregedora da
defensoria pública, Erika Patrício. Ela ainda ressaltou que além da
diminuição das demandas ligadas ao tema (em torno de 70 atualmente)
haverá também economia processual pela celeridade e de custos pela
ausência de exames.
Dignidade
A presidente da associação de proteção dos direitos das travestis no RN
- Atrevida, Jaqueline Brasil relatou de forma bastante emotiva: “essa é
uma luta muita antiga e constante nossa, esse dia precisa ser bastante
comemorado por todas nós. Depois de muita violência, muitas mortes e
tantas outras que se suicidaram, para algumas de nós ter esse registro é
quase como nascer de novo. É preciso renascer, pois agora temos um nome
e podemos começar a ser tratadas com mais dignidade”.
Lucas Galvão, representante da associação dos trans masculinos explicou
que esse provimento “ajudará na inclusão social de pessoas trans, como
nós, especialmente em relação às áreas de educação e saúde, pois muitas
vezes o nosso acesso a essas instituições é impedido pela falta de
documentos com os nomes devidamente alterados. De modo que poderão ser
quebradas muitas barreiras”.
A Promotora da Cidadania e Meio Ambiente, Danielle Veras, parabenizou
“a iniciativa corajosa do Tribunal que realizou o provimento de forma
bastante rápida, eficaz e, principalmente, democrática. Pois
participaram desse processo trazendo suas ideias e posicionamentos de
membros de diversas instituições, e grupos sociais que aqui se fizeram
presentes.”
Site do TJRN